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O Comitê, coordenado pela ABENDE (Associação Brasileira de Ensaios Não-Destrutivos) foi Presidido pela Profa. Raquel Gonçalves (FEAGRI/UNICAMP). A NBR 15521 - Ensaios não destrutivos - Classificação mecânica da madeira serrada de dicotiledôneas especifica os requisitos para utilização de equipamento de ultra-som na madeira e define critérios para avaliação dos parâmetros resultantes dessa aplicação visando a classificação mecânica de madeira serrada de dicotiledôneas, podendo ser utilizada em condições de laboratório, de serraria e de indústria.

O estudante de mestrado da Faculdade de Engenharia Agrícola Leandro Shiroma está pelo segundo ano consecutivo entre os finalistas do Prêmio Santander de Empreendedorismo, na categoria Indústria. Os vencedores serão anunciados durante cerimônia final de premiação a ser realizada em Brasília, no dia 29 de novembro. Em outubro, haverá uma premiação regional, que irá contemplar cada finalista com um troféu e um certificado de participação.
Shiroma foi selecionado pelo projeto Quartz, no qual propõe a confecção de revestimentos decorativos, como massa corrida, texturas e mosaicos, a partir da utilização de resíduos de pedras mineiras. As vantagens do projeto em relação aos produtos convencionais estão na sustentabilidade. Do ponto de vista ambiental, o ganho está no reaproveitamento de recursos descartados na explosão, segundo ele, feita com dinamites. Do ponto de vista econômico, a reutilização gera uma economia de 10% a 15% para o consumidor, o que o torna mais acessível que o produto convencional. Além disso, os recursos provenientes da comercialização podem ser investidos em novas pesquisas.
Shiroma informa que, no momento, os principais consumidores dos produtos são as empresas preocupadas com a responsabilidade social e preservação ambiental. ?Além das próprias campanhas e investimentos, eles buscam fornecedores também com essa responsabilidade. Então, os produtos desonvolvidos por ele têm sido usados na construção de novos edifícios dessas empresas?, acrescenta.
À produção de quartz soma-se a experiência de produção de artefatos de concreto com material renovável, como bagaço de cana-de-açúcar e bambu do Laboratório de Estruturas da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, coordenado pelo professor Antônio Ludovico Beraldo, orientador do projeto.
Sócio-proprietário em uma empresa de fabricação de blocos e pavimentos de concreto para solo, Shiroma acrescenta que procurou a Unicamp para buscar soluções em um projeto de reaproveitamento de resíduos para confecção de seu produto.
Realizados pelo Santander Universidades, com o desenvolvimento e a gestão do Universia Brasil, os Prêmios Santander de Empreendedorismo e de Ciência e Inovação visam estimular a atitude empreendedora e a pesquisa científica no meio acadêmico, revelando novos talentos que irão beneficiar a sociedade brasileira com a implementação de seus projetos empreendedores e de suas pesquisas científicas. (Da Redação) Foto: Neldo Cantanti Edição de imagens: Luís Paulo Silva

Segunda, 24 Setembro 2007 12:00

Óleo de cozinha movimenta frota de Indaiatuba

Uma usina acanhada, instalada no canto de um barracão da Secretaria de Obras, transforma o óleo de cozinha usado no biodiesel que, todos os dias, movimenta veículos do serviço municipal de distribuição de água, em Indaiatuba.

A tecnologia, inédita, desenvolvida por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), se resume a um catalisador de alto desempenho a base de etanol.

O óleo saturado ? mil litros diários recolhidos basicamente em bares e restaurantes da cidade ? é submetido a uma reação química para a quebra a cadeia de carbono. Após a decantação do material coletado em tambores, o óleo depurado é aquecido e posteriormente submetido à ação dos reagentes que o transformam em combustível. A substância descartada pelo processo, a glicerina, também pode ser aproveitada, já que interessa à indústria de cosméticos.

A usina provisória reúne, em um espaço de apenas 100 metros quadrados, uma caldeira e um reator. Os equipamentos e os tubos de ensaio usados na análise química do óleo coletado foram instalados pela própria Unicamp.

É que o autor da técnica, Antônio José da Silva Maciel (professor da Faculdade de Engenharia Agrícola), mora na própria cidade. Ele e o químico Osvaldo Lopes (da mesma faculdade) montaram o laboratório no barracão e ensinaram as noções básicas da análise química a dois funcionários do Serviço Autônomo de Água e Esgotos (Saae), que hoje respondem pela operação da usina.

Lutero Lima Júnior (ex-eletricista da autarquia) e William Aparecido dos Santos (gerente do setor) vestem camisetas e calças surradas. Passam o dia inteiro no barracão calorento, analisando amostras e abastecendo tanques. Por hora, a usina não precisa de mais ninguém. Uma batelada, como é conhecido o processo inteiro, leva só 40 minutos para transformar cem litros do óleo saturado em biodiesel.

Mas a tecnologia entusiasmou de tal forma a Administração municipal que o prefeito José Onério da Silva (PDT) planeja inaugurar uma usina maior na gleba da Estação de Tratamento de Esgoto do Córrego Barnabé. A usina, orçada em R$ 4 milhões, vai empregar mais gente e terá capacidade de fabricar 10 mil litros de biodiesel a cada dia. Mas ninguém tem pressa de executar o projeto. Hoje, diz o prefeito, a produção modesta, improvisada no barracão, é suficiente. A idéia é, no futuro, usar biodiesel em toda a frota da Prefeitura. Em seguida, planeja, o combustível limpo poderá ser até vendido.

José Onério comemora a adesão dos moradores ao projeto. Hoje, a população já entrega em 14 pontos de coleta espalhados pela cidade cerca de 30% do óleo que abastece a usina. As crianças da rede pública de ensino acompanham as explicações dos funcionários de olhos atentos. ?Cuidamos da natureza com combustível mais limpo e geramos emprego nas usinas?, diz o prefeito.

Tecnologia atrai atenção de indústrias de todo o País

A tecnologia desenvolvida pela Unicamp para a produção do biodiesel já atrai o interesse das linhas industriais. O produto patenteado pelos professores vai ser usado pela Biocamp, que é uma fornecedora de combustível limpo instalada em Campo Verde (MT). Pelas estimativas dos pesquisadores Maciel e Lopes, a empresa vai estar produzindo 60 milhões de litros a cada ano do combustível desenvolvido na Unicamp.

A aplicação industrial do produto pode ser maior, já que o catalisador é eficiente não apenas com óleo vegetal, mas também com gordura animal. A produção do biodiesel em Indaiatuba também já chamou a atenção de uma fábrica de café orgânico de Itu. O sistema de torrefação será movido pelo combustível limpo, assim que o Saae obtiver autorização para vender o biodiesel que sai do barracão.

Segundo o prefeito José Onério (PDT), a própria Unicamp intermedia a negociação com a Agência Nacional de Petróleo (ANP) a chancela técnica que ateste a qualidade do produto. Quem também está de olho na produção é o Instituto Harpia Harpyia, organização laica fundada por dom Mauro Morelli, bispo católico que fundou, em Indaiatuba, uma rede de serviços assistenciais. (RV/AAN)

Mudança trouxe o benefício da economia à Prefeitura

A frota do SAAE, que é movida a biocombustível, agrega recursos ao caixa. É que cada litro do biodiesel da usina é produzido a um custo estimado de R$ 0,80. O litro do combustível nos postos chega a R$ 1,80. Além de gastar menos, a autarquia colabora com o meio ambiente, segundo o entusiasmado diretor de comunicação do órgão, Sérgio Squilanti. Hoje, afirma, o tanque cheio pode ter um percentual variável de biocombustível. Mas três dos veículos já são totalmente movidos a biodiesel. Os motores, diz, continuam com o mesmo desempenho que tinham antes.

SAIBA MAIS

As pessoas interessadas em obter informações detalhadas sobre o biodiesel à base de óleo saturado podem entrar em contato com a Agência de Inovação da Unicamp, pelo (19) 3521-2552. Já os contatos com o SAAE de Indaiatuba, que tem os veículos movidos com o biocombustível, são os telefones (19) 3834-9493 ou 0800-7722195. A usina funciona numa parte do galpão do Semurb, na Rua Afonso Bonito, 215, Jardim Brigadeiro Faria Lima.

O mascote e várias peças promocionais do "Projeto Biodiesel Urbano ? Por uma Indaiatuba Saudável" serão apresentados nesta quinta-feira durante coletiva para imprensa. O objetivo da campanha é ampliar a coleta de óleo de cozinha usado.
O mascote, desenvolvido pelo chargista de Indaiatuba Alexandre de Brito Melo, o Chandy, estará impresso em camisetas, bonés, adesivos, cartazes, e outras peças de divulgação.
Instalada em junho de 2006, a Usina de Biodiesel de Indaiatuba é pioneira, no mundo, na produção desse tipo de combustível, tendo por insumo o óleo de cozinha usado. O projeto é uma parceira entre a Prefeitura de Indaiatuba, Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE), Universidade de Campinas e Instituto Harpia Harpyia.
Em novembro de 2006 foi iniciada efetivamente a produção, tendo sido coletados até agosto, cerca de 55 mil litros de óleo saturado, doados por bares, restaurantes e população em geral ao SAAE. Esse é o mesmo volume de biodiesel produzido, em razão do que é descartado na produção ser equivalente ao que é reaproveitado e adicionado em termos de catalisadores e outros reagentes. Faltava, no entanto, uma identidade visual para a campanha. È isso que acontece quinta-feira, no gabinete do prefeito José Onério.
No Projeto Biodiesel Urbano, equipamentos, tecnologia e catalisadores são patentes da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp, e dos professores Antonio José da Silva Maciel e Oswaldo Candido Lopes, da mesma faculdade.
A população demonstra estar bastante sensibilizada com o projeto, encontrando nele uma forma fácil e simples de contribuir para evitar a poluição do meio ambiente. Cada litro de óleo saturado descartado no ralo da pia da cozinha que chega a um manancial polui um milhão de litros de água, além de dificultar e encarecer o tratamento de esgotos.
As crianças, particularmente, se mostram as mais sensíveis ao apelo pela doação de óleo de cozinha saturado, pressionando os pais para recolherem o óleo usado em garrafas de plástico (pet), que podem ser entregues em 14 pontos de coleta distribuídos na cidade.

Os especialistas convidados para a audiência pública realizada nesta quarta-feira (29) pela Subcomissão Permanente dos Biocombustíveis - que funciona no âmbito da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) - defenderam a ampliação das plantações de cana-de-açúcar e a utilização do uso de etanol (álcool etílico) como combustível alternativo ao petróleo.
A audiência teve por objetivo discutir o real impacto da produção de etanol no meio ambiente e foi realizada em atendimento a requerimento de autoria do senador João Tenório (PSDB-AL), presidente da subcomissão. Participaram dos debates Laura Tetti, ambientalista e consultora da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única); Luiz Cortês, professor de Engenharia Agrícola da Unicamp; Manoel Régis Lima Verde Leal, doutor do Centro Nacional de Energia Alternativa; e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).
Laura Tetti disse que a cana é uma das atividades que apresenta o mais baixo índice de erosão do solo - "matéria-prima básica até para o crescimento da vegetação nativa". Esse é um dado muito importante e deve ser levado em conta, disse a consultora. Ela fez uma comparação entre a cana e a soja, afirmando que esta última, tida como símbolo da modernidade, apresenta, no entanto, um nível de erosão do solo 62 vezes maior do que a cana. Disse ainda que a mamona tem índice de erosão 235 vezes maior do que o da cana, acrescentando que a cana tem também o menor uso de defensivos agrícolas.
Para Laura Tetti, existe uma discussão emocional em torno da ampliação das plantações da cana de açúcar para uso do etanol, baseada em projeções e mazelas praticadas pelo setor no passado.
- Existe tendência de projetar na planta cana os vícios, as mazelas as injustiças e práticas do processo de colonização do passado. O Brasil teve problemas graves em função desse processo, mas não deve projetar isso na cana-de-açúcar - afirmou a consultora da Única.
Laura Tetti informou que o ganho de produtividade da cana é de 4% ao ano, ou seja, a cada ano o volume de rendimento da cana em um hectare plantado aumenta 4%. Para ela, esse percentual "é muito bom".
A consultora abordou ainda uma questão polêmica, que é a queima da palha do canavial, um dos processos de produção que facilita o corte manual e aumenta a produtividade do cortador de cana, criticado por ambientalistas por liberar gás carbônico e demais gases que prejudicam o meio ambiente. Para Laura Tetti essa prática é inaceitável, pois há processos melhores, com uso de mecanização, que resolveriam esse problema. Ela observou, inclusive, que o ganho de 4% de produtividade é medido levando em conta a maneira de produção atual, com a queima da palha.
- Mas não se pode associar a queima com a questão da cana, seria um erro conceitual- afirmou Laura Tetti, observando ainda que o uso do etanol contribuirá para a redução do aquecimento global.
Dadas as peculiaridades agrícolas da cana de açúcar no Brasil, cada tonelada desse produto direcionada para a produção de álcool combustível, conforme a consultora, absorve 0,18 tonelada de CO2, já contabilizadas as emissões resultantes do processo industrial e da queima do álcool como combustível.

Produção


O setor sucroalcooleiro é o mais organizado do país, utiliza alta tecnologia e movimenta cerca de R$ 15 bilhões, afirmou Luiz Cortês. Para o professor de Engenharia, a questão da elevação da temperatura do planeta é um assunto importante que estará em pauta nos próximos 50 ou 100 anos e terá que ser levado em conta, restando a discussão de opções a serem adotadas.
Os biocombustíveis, segundo Cortês, podem melhorar essa situação e são uma opção interessante para o país, pois "existe espaço para aperfeiçoar a tecnologia com a produção do etanol da cana de açúcar". Segundo o professor, se tudo for feito da melhor forma, a temperatura da Terra vai aumentar 1,5 grau. Se nada for feito, a temperatura aumentará 4 graus.
- O uso do álcool é a melhor opção do mundo em termos de combustível - disse.

Helena Daltro Pontual / Agência Senado

Nas últimas décadas, a produtividade da agricultura brasileira vem batendo recordes consecutivos, principalmente por conta do progressivo emprego da tecnologia. Entretanto, ainda há espaço para tornar o setor mais eficiente, sobretudo no que diz respeito ao seu gerenciamento. Projeto conduzido por pesquisadores da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), promete trazer importantes contribuições nesse aspecto, mais especificamente para o segmento sucroalcooleiro. Os cientistas estão desenvolvendo um sistema que permitirá o monitoramento em tempo real das atividades ligadas ao corte, colheita e transporte da cana-de-açúcar. O objetivo é aprimorar os procedimentos, reduzindo conseqüentemente perdas e custos.

Pesquisa integra projeto temático


As pesquisas da Feagri estão no contexto do que os especialistas classificam de agricultura de precisão. Como o nome sugere, a técnica consiste no desenvolvimento de métodos e tecnologias que confiram maior exatidão às atividades do setor. De acordo com o professor Paulo Graziano, coordenador dos estudos, o conceito nasceu nos Estados Unidos, no final dos anos 80. Inicialmente, as abordagens estavam voltadas mais diretamente ao gerenciamento da área cultivada. Assim, com o apoio da informática, de softwares específicos e dos recursos proporcionados pelo sistema de posicionamento por satélite, o popular GPS, foram concebidos sistemas para orientar o manejo de variadas culturas, notadamente a de grãos.

Equipamento instalado em máquina agrícola: monitoramento em tempo realDito de outro modo, os técnicos levantam e cruzam dados sobre solo, relevo, clima, quantidade de defensivos utilizada etc. Em seguida, as informações são georreferencidas e espacializadas, de modo a monitorar a produção, metro a metro, de uma determinada propriedade. Com isso, são gerados mapas de produtividade extremamente detalhados, que permitem ao agricultor exercer maior controle sobre a plantação, abreviando desse modo o tempo de resposta para a correção de um problema. "A partir dessa técnica, é possível saber com bastante exatidão, por exemplo, que área está produzindo menos e se naquele ponto específico é preciso irrigar mais e/ou aumentar o uso de fertilizantes", explica o professor Paulo Graziano.

Consolidada esta etapa, pelo menos do ponto de vista tecnológico, uma vez que a técnica ainda não é aplicada em larga escala no Brasil, a agricultura de precisão está entrando numa outra etapa no país, conforme o docente da Feagri. O objetivo agora é juntar o conhecimento já obtido às tecnologias ainda em desenvolvimento para aperfeiçoar o gerenciamento mais amplo da propriedade agrícola. No caso da equipe da Unicamp, as pesquisas estão voltadas à cana-de-açúcar, um importante item da economia brasileira.

Segundo o professor Paulo Graziano, os trabalhos tiveram início em 1998. De lá para cá, foram registrados diversos avanços. Os estudos geraram, inclusive, o registro de patente de um equipamento que permite a elaboração de mapas de produtividade e a incorporação de outros dados importantes ao gerenciamento do cultivo. A tecnologia é fabricada pela Enalta Inovações Tecnológicas, de São Carlos, empresa que adquiriu da Unicamp os direitos de licenciamento do produto. A meta atual dos pesquisadores da Feagri é desenvolver um sistema que possibilite o gerenciamento em tempo real das atividades de corte, colheita e transporte da cana. "Por meio de equipamentos embarcados em tratores e colhedoras, nós poderemos saber onde a máquina está trabalhando, quanto ela está colhendo, quanto tempo ela está levando para desempenhar essa tarefa e que volume foi efetivamente depositado nos caminhões que se dirigirão às usinas", afirma Paulo Graziano.

De posse dessas informações, os responsáveis pelo gerenciamento da usina saberão instantaneamente, entre outras coisas, se um caminhão quebrou, se há filas de veículos formadas em razão de demora no processo de colheita ou se há carência de caminhões para realizar o transporte do produto. "Ou seja, trata-se de uma importante ferramenta para a tomada de decisões. Por meio dessa técnica, é possível identificar e corrigir os problemas de forma mais rápida e precisa", analisa Paulo Graziano. As pesquisas, prossegue o professor, estão na fase inicial e contam com a colaboração das empresas Enalta Inovações Tecnológicas e Agricef Soluções Tecnológicas para Agricultura, além do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Escola Politécnica da USP.

Segundo o docente da Feagri, foi firmado acordo com a Usina São Martinho, localizada em Pradópolis, interior de São Paulo, que servirá de piloto aos estudos. Os equipamentos estão sendo instalados nas máquinas agrícolas e a usina fará a assinatura de um canal de GPRS (General Packet Radio Service), tecnologia que aumenta as taxas de transferência de dados. "Nossa expectativa é que dentro de um ano nós já tenhamos resultados efetivos para divulgar", prevê Paulo Graziano. O docente explica que os procedimentos de corte, carregamento e transporte representam aproximadamente 40% dos custos de produção da cana-de-açúcar. "Se conseguirmos aumentar a eficácia dessas etapas, certamente será possível reduzir gastos e obter ganhos de produtividade", antecipa.

Mas se as técnicas proporcionadas pela agricultura de precisão podem trazer benefícios tão significativos para a agricultura brasileira, por que ela ainda não é empregada em larga escala no país?
De acordo com o professor Paulo Graziano, alguns fatores contribuem para essa pequena expansão. Um deles, obviamente, é o alto custo da tecnologia. "Mas não é apenas isso. Alguns setores, como o sucroalcooleiro, ainda são bastante conservadores no que se refere ao uso de métodos e produtos inovadores", analisa. Além de incrementar o gerenciamento agrícola, as pesquisas desenvolvidas na Feagri também geram importantes ganhos acadêmicos, principalmente em relação à formação de mão-de-obra qualificada. "À medida que as técnicas avançam, maior a necessidade de pessoal especializado. Alguns ex-alunos meus já estão atuando no mercado ou constituindo empresa, como é o caso da Agricef, que está abrigada na Incamp [Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp]", diz.

Segunda, 27 Agosto 2007 12:00

Biofilme prolonga vida útil do coco verde

Pesquisas mostram que, sob refrigeração, o coco verde permanece bom para consumo por 16 dias, em média. Embalado com filme de PVC, o fruto tem uma vida útil de 30 dias. Entretanto, para a exportação, o prazo é considerado exíguo, tendo em vista o espaço de tempo entre a colheita e a chegada ao consumidor. Por isso, alternativas para prolongar a conservação pós-colheita do coco verde são bem-vindas. Neste sentido, a engenheira Josane Maria Resende realizou vários testes, revestindo o fruto com biofilme desenvolvido a partir de quitosana e gelatina de pele suína. O resultado foi o aumento da vida útil do produto em até 40 dias.
Os testes foram realizados na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri), sob orientação da professora Marlene Rita de Queiroz. Josane recorreu aos polímeros existentes no mercado e adaptou o material para ser usado como revestimento biodegradável. "A idéia foi prolongar a conservação do coco variedade anão verde, sem alterar as qualidades sensoriais e nutritivas da água contida nele. Isso possibilitaria maior tempo para a sua comercialização", explica a engenheira.
As embalagens foram desenvolvidas com três materiais diferentes ? gelatina de pele suína, quitosana e carboximetilcelulose ? sendo que, em determinados testes, a engenheira optou por fazer uma mistura dos materiais. Apenas o biofilme de carboximetilcelulose não se mostrou eficiente nos testes. De acordo com a pesquisadora, o material é incompatível com as outras substâncias.
As amostras foram retiradas a cada dez dias de armazenamento para diversas análises, inclusive sensoriais. Os biofilmes à base de quitosana, gelatina e da mistura de quitosana e gelatina apresentaram melhor desempenho na conservação da água de coco. O biofilme de quitosana, entretanto, teve melhor resultado e conservou mais adequadamente as características nutricionais e sensoriais da água de coco, o que proporcionou, conseqüentemente, maior aceitação do consumidor e melhor aparência do fruto.
A quitosana tem variadas aplicações, entre as quais, o tratamento de queimaduras e o controle de microrganismos. Já a gelatina é eficiente por proporcionar biofilmes com boas propriedades físicas. Por isso, os dois tipos de materiais foram os que obtiveram os melhores níveis de aceitação para o consumo.

A 25ª edição do Prêmio Gerdau Melhores da Terra, maior premiação da América do Sul para o setor de máquinas e equipamentos agrícolas, tem 11 vencedores, entre eles nove máquinas e equipamentos agrícolas e dois trabalhos científicos. Os troféus serão entregues no dia 29, às 11h30, na Gerdau Riograndense, localizada em Sapucaia do Sul (Av. Borges de Medeiros, 650).

Em 2007, o Prêmio alcançou uma marca recorde de inscritos em duas de suas três categorias: Destaque (49) e Pesquisa & Desenvolvimento (516). Na categoria Novidade, o número de inscrições foi igual ao de 2006 (35). No total, foram 600 participantes.

Para avaliar os inscritos na categoria Destaque, que obteve inscrições do Brasil, Chile e Argentina, a comissão julgadora percorreu mais de 69 mil quilômetros (o equivalente a 1,7 volta ao redor do planeta Terra pela Linha do Equador) e entrevistou 592 usuários dos equipamentos. Os membros da comissão visitaram pessoalmente os locais onde as máquinas e equipamentos são utilizados, para verificar seu desempenho.

Este contato direto com os produtores é o principal diferencial do prêmio, segundo o prof. Luiz Fernando Coelho de Souza, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador da Comissão Julgadora da premiação. "O produtor rural sabe exatamente o que quer. É exigente em termos de máquinas, equipamentos e tecnologias. Suas demandas por conhecimento e assistência técnica, em todos os níveis, é muito grande."

A partir das entrevistas com os produtores, a organização do prêmio elabora relatórios analíticos sobre os inscritos na categoria Destaque, vencedores ou não, com observações sobre os pontos fortes e fracos de cada produto. Os relatórios, confidenciais, são entregues aos fabricantes das máquinas, o que constitui uma importante ferramenta de avaliação e contribui significativamente para o aperfeiçoamento de produtos e processos.
Os inscritos na categoria Novidade foram avaliados nos estandes das empresas na própria Expointer, antes da abertura da feira. Concorrem à modalidade inovações tecnológicas lançadas no mercado há, no máximo, um ano (após a Expointer 2006) e participantes da edição deste ano. Já os trabalhos científicos inscritos em Pesquisa e Desenvolvimento foram avaliados por uma comissão julgadora especial, formada por seis especialistas em mecanização agrícola. A categoria registrou inscrições do Brasil, Argentina e Colômbia.

Os Vencedores


Categoria Pesquisa e Desenvolvimento

Inscrições batem recorde, com 516 participantes

Em 2007, as inscrições para a categoria Pesquisa e Desenvolvimento foram ampliadas para todas as áreas da engenharia agrícola. Até a edição passada, apenas trabalhos da mecanização agrícola podiam concorrer ao prêmio. Nesse ano, também puderam participar trabalhos das áreas de construções rurais e ambiência, energia na agricultura, engenharia de água e solo, ciência e tecnologia pós-colheita, topografia, fotogrametria, sensoriamento remoto e ensino, pesquisa, extensão e política profissional. Os 516 trabalhos científicos foram analisados em dois grupos: estudantes e profissionais.

Entre os profissionais, foi escolhido o trabalho Unidade móvel de auxílio à colheita (Unimac) para tomate de mesa, da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp (São Paulo). Os autores são Marcos David Ferreira, Oscar A. Braunbeck e Augusto César Sanchez.

O estudo apresenta o projeto de construção de uma máquina para auxiliar na colheita de tomate, a Unimac. O equipamento realiza as operações de colheita, classificação e embalagem e é capaz de reduzir significativamente as perdas de produto. Além disso, ele diminui em até oito vezes o tempo gasto no processo, quando comparado ao método convencional. Sua capacidade produtiva é estimada em duas toneladas/hora de tomates colhidos, classificados e embalados.

O trabalho vencedor entre os estudantes vem da Universidade Federal do Ceará (UFC) e é intitulado Desenvolvimento de sistema de rádio aquisição de dados para sensoriamento de umidade e temperatura do solo e atuação em sistemas de irrigação. O estudo foi elaborado pelo estudante de mestrado Clemilson C. Santos, orientado pelo prof. Adunias dos S. Teixeira.

Os pesquisadores desenvolveram um sistema de aquisição e controle de dados, via rádio freqüência, para o monitoramento de irrigação pressurizada. O objetivo é otimizar o uso da água na agricultura. É um equipamento muito prático, fácil de instalar no campo e que fornece medidas diretas, substituindo as leituras manuais. Tem baixo custo de instalação e de operação, independente das distâncias entre a lavoura e operador, não exigindo mão-de-obra especializada para o controle da irrigação.

Um sistema de controle eletrônico para dosador de fertilizantes sólidos foi desenvolvido pelo engenheiro agrícola Angel Pontin Garcia. A idéia, segundo o engenheiro que apresentou dissertação de mestrado na Faculdade de Engenharia Agrícola, é acoplar o mecanismo em implementos agrícolas para realizar a adubação do solo. Em geral, essas máquinas são usadas em plantios de soja, milho, amendoim e outras culturas.

Mecanismo traz ganho econômico e ambiental


Entre outras vantagens, o novo sistema garante uniformidade na aplicação dos fertilizantes, além de evitar o desperdício para o produtor rural. "As pesquisas atuais caminham no sentido de desenvolver mecanismos que substituam os sistemas mecânicos por sistemas de acionamento elétrico controlados eletronicamente. Primeiro porque os equipamentos eletrônicos oferecem o benefício de serem mais precisos e, também, pela facilidade no manejo de determinadas funções", explica Garcia.

Segundo o engenheiro agrícola, a aplicação em excesso de fertilizantes no solo pode contaminar o lençol freático, causando muitos prejuízos ambientais. Por outro lado, a aplicação em menor quantidade incorre em perda da produtividade. Neste sentido, o sistema desenvolvido na Feagri oferece ganhos em termos de economia e ambientais, pois possibilita a aplicação exata da dosagem necessária.
Com a orientação do professor Nelson Luís Cappelli, Angel Garcia montou uma bancada composta por um motor de corrente contínua, um dosador de fertilizante e um controlador microprocessado com software desenvolvido pelo laboratório.
O sistema permite que, mesmo com variação de velocidade da máquina de adubação, a taxa de aplicação seja constante. Nas áreas agrícolas, tradicionalmente, o controle é realizado de forma mecânica, cujo acionamento do dosador é feito por meio de correntes, engrenagens ou correias.
Uma das dificuldades do sistema mecânico é que ele exige regulagens para a taxa de aplicação do adubo. Neste caso, é necessário parar a máquina e, com o auxílio de ferramentas, fazer os ajustes necessários. Com o novo sistema, este tipo de tarefa seria realizada, sem dificuldades, a partir da cabine do condutor.
Garcia, que já prepara a sua tese de doutorado, afirma que a expectativa agora é construir uma máquina semeadora-adubadora totalmente automatizada. A equipe, formada também pelos pesquisadores Claudio K. Umezu e Edison Russo, estima desenvolver o mecanismo de automação também para a semeadora, o que garantiria uma precisão ainda maior para semear e adubar as áreas agrícolas.

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