Feagri em Foco
2006
colheita do tomate de mesa. Conduzido por uma equipe da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, com a colaboração de pesquisadores de outras três instituições, o trabalho culminou com o desenvolvimento de um equipamento destinado à colheita do produto. Uma das vantagens da nova tecnologia, que já está sendo objeto de pedido de patente, é que ela não substitui a mão-de-obra humana.
A quebra chega a 30% durante e e depois da colheita
Batizado de Unidade Móvel de Auxílio à Colheita (Unimac), o equipamento tem por objetivo reduzir as perdas que ocorrem durante e depois da colheita, conforme explica o coordenador do projeto, o professor Marcos David Ferreira. De acordo com ele, alguns estudos apontam que a produção pode sofrer uma quebra de até 30% nessas etapas. "Isso ocorre principalmente por causa do intenso manuseio, o que provoca uma elevada incidência de danos físicos nos frutos", explica. O docente afirma que a despeito do grande avanço tecnológico registrado no setor agrícola, o auxílio mecânico para colheita de frutas e hortaliças praticamente inexiste no Brasil. "Justamente por isso, resolvemos enfrentar o desafio de criar uma máquina para esse fim, destinada exclusivamente ao tomate de mesa".
O professor Oscar Braunbeck, que também participou do projeto, esclarece que a Unimac é constituída por uma plataforma móvel de seis metros de largura por 3,6 metros de altura. A unidade tem tração nas quatro rodas, um cuidado tomado pelos idealizadores para favorecer a operação em terrenos inclinados. O acionamento é elétrico, em substituição aos convencionais sistemas mecânico e hidráulico. Conforme o equipamento vai se deslocando no campo, os trabalhadores executam a colheita, beneficiamento, classificação (por tamanho e cor) e embalagem do produto. De acordo com os cálculos do pesquisador, a Unimac deve ser capaz de reduzir as perdas significativamente, além de diminuir em até oito vezes o tempo gasto com a colheita exclusivamente manual. "Nossa expectativa é que o equipamento colha cerca de duas toneladas de tomate por hora de trabalho", antecipa.
Além de otimizar a colheita do tomate de mesa, a Unimac, cujo custo de mercado ainda não foi devidamente estimado, também deverá trazer vantagens para os trabalhadores rurais. Segundo os pesquisadores da Unicamp, o equipamento foi desenvolvido a partir de dois conceitos fundamentais complementares. Primeiro, não promover a redução do emprego no campo. Segundo, melhorar as condições de trabalho de homens e mulheres que sobrevivem da colheita do produto. "Nós nos preocupamos com uma série de questões, entre elas a que envolve a ergonomia, para não prejudicar a postura dos trabalhadores. Outra vantagem é que as caixas serão transportadas pelo próprio equipamento, dispensando as pessoas de carregarem peso como acontece atualmente", afirma o professor.
Para o professor Marcos, a despeito de a Unimac ter sido o principal resultado do projeto temático, é preciso destacar os ganhos acadêmicos que ele proporcionou. Além dos artigos científicos e dissertações de mestrado já citados, as pesquisas reuniram 13 docentes da Unicamp, de diferentes áreas, e mais três especialistas da Universidade da Flórida, Universidade Federal de Uberlândia e Centro de Qualidade de Hortaliças da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Pau-lo (Ceagesp). "Isso sem falar no envolvimento de cerca de 40 estudantes do ensino médio e de graduação e pós-graduação da Unicamp", acrescenta o coordenador do projeto. Um dos alunos de graduação, Augusto César San-chez, teve importante participação no projeto e construção do maqui-nário, segundo o docente da Feagri. O protótipo apresentado no último dia 14 de dezembro foi construído pela empresa CTA ? Centro Técnico de Automação, de Limeira. Cerca de 40 pessoas, entre técnicos e produtores, prestigia-ram o evento. Outras informações sobre o projeto Unimac podem ser obtidas em: www.feagri.unicamp.br/unimac
Fotos: Antoninho Perri
Thiago Romero Fernanda Yoneya
A produção, que pode gerar uma economia de um milhão por ano aos cofres públicos, funciona desde julho na cidade. Além dos benefícios financeiros, o projeto contribui com a preservação ambiental. Segundo estudos, cada litro de óleo de fritura que chega aos rios polui cerca de um milhão de litros de água.
Como parte do projeto ?Biodiesel Urbano ? Por uma Indaiatuba Saudável?, uma nova usina será construída para aumentar a capacidade de produção do combustível de mil litros/dia para 12 mil litros/dia. Também será lançada uma campanha, no mês de dezembro, para ampliar a participação dos restaurantes e para que a própria população faça doação de óleo de cozinha em garrafas pet.
A iniciativa surgiu de uma parceria entre a prefeitura, o Serviço Autônomo de Água e Esgotos (SAAE), a Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Instituto Harpia Harpyia.
Em edição bilíngüe de arte fotográfica, a obra é um retrato sem igual. A obra, resultado da parceria 3S Projetos e Editora Komedi, conta com apoio do Ministerio da Cultura, e é a segunda publicação da série Panorama do Meio Ambiente.
Autores: Flavio Gramolelli Junior ( Organizador, Mestre em Engenharia Agricola- Unicamp, Professor. Centro Universitario Padre Anchieta );
José Roberto de Miranda( EMBRAPA- Monitoramento por Satélite);
Claudio Cunha( Professor. Centro Universitario Padre Anchieta );
Edson Eiji Matsura( Professor Titular- Feagri/ Unicamp);
Sergio Assis ( fotógrafo )
Informação acumulada e organizada por anos serve na detecção de falhas
Fernanda YoneyaAumentar a produtividade de granjas avícolas a partir da observação do comportamento das aves. Esta é a idéia proposta pelo zootecnista Marcelo Lima, que, em fevereiro do ano que vem, defenderá tese de mestrado sobre o tema, na Faculdade de Engenharia Agrícola/Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo Lima, o objetivo do projeto é mostrar de que maneira soluções de inteligência analítica podem aumentar a produtividade em produções agrícolas.
Conforme Lima, com o uso de um software diferenciado é possível fazer estatísticas e chegar a conclusões sobre que variáveis levaram a um determinado resultado - uma produção boa ou ruim dos ovos, por exemplo. Os dados obtidos servem então de base para que o produtor saiba exatamente como foi o processo produtivo, identificando falhas e corrigindo erros de manejo.
"A partir de dados armazenados, identificamos padrões de lotes de aves que obtiveram melhores resultados de incubação. Comparamos e cruzamos informações e, com isso, identificamos possíveis falhas." Ele conta que, baseado em dados de comportamento das aves, os pesquisadores conseguem delimitar um padrão ideal de produtividade e reproduzir este cenário. Os dados são da própria ave e dos ancestrais do filhote. "Esse conhecimento ajuda a corrigir erros, eliminando comportamentos de risco e aumentando o tempo de vida útil da ave", diz.
BANCO DE DADOS
Lima diz que o programa precisa de dados de produção de anos sucessivos para perceber repetições. "Quando há uma só repetição, por exemplo, pode ter sido acaso. Então, é necessário que haja uma certa porcentagem de repetições para que as estatísticas sejam consistentes."A técnica adotada é chamada de árvore de decisão, afirma o zootecnista. "Funciona como uma árvore mesmo, em que cada informação representa uma ramificação." Dados relevantes - genética, idade da ave, idade do ovo, temperatura ambiente - são então selecionados e o desempenho da produção é avaliado sob todos esses critérios.
"Checando o histórico da produção, sabemos quando a produção foi maior ou menor. A árvore de decisão então elege critérios que são cruzados entre si e que apontarão possíveis explicações para uma determinada produtividade." Tem-se, com a árvore, um diagnóstico da produção, diz o zootecnista.
Na empresa onde Lima colheu e comparou dados durante dois anos, foi detectado, por exemplo, que o processo de incubação tinha um rendimento menor aos sábados. "A partir desta informação fomos atrás de possíveis causas e uma delas estava relacionada ao desempenho dos funcionários responsáveis pelo processo, que era menos eficiente aos sábados."
Na empresa onde ele desenvolveu o projeto, os ganhos de produtividade chegaram a 10%. "É essencial que o produtor tenha um banco de dados rico e organizado, pois sem esse histórico não há como avaliar o desempenho da produção." Segundo Lima, a vantagem do sistema de observação comportamental é a de que ele não traz custos ao produtor, já que se trabalha com informações de um banco de dados já existente. "A única despesa é com um serviço de consultoria", afirma.