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Unicamp articula evento que reúne grupos que trabalham com vinho

O secretário-adjunto da Secretaria de Agricultura, Antonio Junqueira, afirmou quinta-feira (22) durante o II Simpósio em Pesquisa e Desenvolvimento em Vitinicultura, realizado no Centro de Convenções da Unicamp, que o Estado pretende apoiar fortemente o médio e o pequeno produtor de uva. Outra boa notícia anunciada pelo secretário-adjunto é que um convênio assinado com a Secretaria de Esporte e Turismo permitirá que a região de Campinas se torne o principal pólo gastronômico do Estado, que já detém o título de circuito das frutas. Cerca de R$ 5 bilhões já foram disponibilizados pelo Banco do Brasil para empréstimo em crédito rural.
O reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, explicou na abertura do Simpósio que a Universidade se envolve num assunto como esse para contribuir com geração de conhecimento. "Não basta ter simplesmente uva e saber transformá-la em vinho", disse. "É preciso ter qualidade e isso somente se domina com conhecimento". Tadeu Jorge não considera tal tarefa fácil, uma vez que a uva tem características muito particulares. "É necessário agregar tecnologia que se adapte à matéria-prima utilizada. Isso também envolve conhecimento", lembrou.
Ele ainda acrescentou que a Unicamp desenvolve através deste evento o seu papel de articuladora entre Poder Público, empresas e associações de classe. Isso sem falar em seu importante papel na formação de recursos humanos de qualidade na graduação, na pós e no ensino técnico. "Que outro personagem faria melhor esta articulação", indagou o reitor.

Avanço

- Em 39 anos de estudo do vinho, o consultor do Grupo Pão-Açúcar, Carlos Ernesto Cabral, ao falar sobre a vitivinicultura no Brasil e na América Latina, comentou que a atual revolução não segura mais o Brasil. "É uma questão de honra. Até 1990, nem estávamos abertos à exportação, à política no segmento e à legislação. Mas, com as portas escancaradas do mercado, o Brasil pôs seu foco nessa realidade", relatou. "Tínhamos apenas um curso técnico em Bento Gonçalves e somente olhávamos para o nosso umbigo: achávamos os nossos vinhos os melhores do mundo."
"O mercado, porém, é predador. O cliente sempre nos troca por dois tostões, pois a coisa mais difícil de se conseguir é a fidelidade dele. Tanto que hoje apenas 49% do vinho consumido no Brasil é vinho nacional. Já chegamos a 70%, o que prova que temos perdido mercado para outros países", pontuou.
"O vinho pode pagar a dívida do país", afirmou Antonio Junqueira. Ele apontou ainda que o Estado de São Paulo consome 50% do vinho produzido pelo Brasil e gira 33% do agronegócio. "O Chile se preparou para exportar desde a década de 20. A fruticultura de lá já era excepcional. E, depois de 100 anos produzindo apenas para seu país, tomou a coragem de sair pelo mundo", disse. O Simpósio, coordenado pelo professor Cláudio Messias, está sendo organizado pela Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori) e pelas Faculdades de Engenharia de Alimentos (FEA) e de Engenharia Agrícola (Feagri).

(Isabel Gardenal)
Foto: Antônio Scarpinetti
Edição de imagens: Natan Santiago
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